sexta-feira, 26 de junho de 2015

Estranhos fenómenos - Alguém me explica?

Quando o meu pai faleceu, em Janeiro, comprei duas bolsas pretas. Embora já não ande vestida toda de preto continuei a usar as bolsas porque gosto muito delas e desde essa altura, Janeiro portanto, são as únicas que uso.
Vou aos correios todos os dias. Todos. Os correios onde eu vou têm alarme à entrada das portas. 
Quarta-feira quando ia a sair, ia um puto a entrar e ao passarmos nos alarmes ele tocou. Pensei que fosse ele que levasse alguma coisa e não liguei. Ontem quando entrei voltou a tocar mas como eu entro pelas traseiras pois só vou ao apartado e como tinha o carro mal estacionado não liguei e à saída voltou a tocar. Hoje mudei de bolsa. Entrei nos correios e voltou a tocar. Ninguém ligou nenhuma porque já todos me conhecem, vou lá há 4 anos. Mas irritou-me e fui perguntar o que se passava. Mandara-me ir falar com um Sr. para ele passar a máquina. Tirei tudo o que tinha na bolsa e não apitou. Passei a bolsa e apitou. Ele diz que devo ter uma etiqueta por dentro do forro. What? Então e a outra que andei ontem, também tem? E porquê agora quando eu ando com elas desde Janeiro? Eu continuo desconfiada, mas vou abrir o forro das duas no fim de semana porque a verdade é que só apita na bolsa. Alguém me explica isto?

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Último Treino

O último treino antes do trail já foi feito. Já não faço mais nada até domingo. 
O treino correu melhor do que eu estava à espera. Fiz 10,5km em melhor tempo mesmo sem ter feito por isso e cheguei ao fim a suspirar por mais. A barreira dos 5kms continua lá, enquanto não os atinjo a minha respiração não abranda e isso limita o meu passo. A partir daí até dançar nas subidas sou capaz!

Para a prova de domingo estou nervosa. Bastante. Não sei se mais ou se menos que da outra vez mas estou nervosa. Se da outra vez eram para cima de 500 participantes, desta vez são pouquinhos, não chegam a 50. Da outra vez o marido foi comigo, desta vez vou sozinha porque ele vai ao trail longo. Tenho medo de me perder porque não tenho sentido de orientação e apesar de haver fitas a marcar o caminho eu habituei-me a seguir as pessoas e não as fitas. Tenho medo de ser uma vergonha para mim própria, eu consigo correr durante muito tempo mas corro a passo de caracol. Também já parti do principio que vão poucos participantes e todos têm muito mais experiência que eu e correm muito mais que eu. Tenho receio de ver os outros a parar e a caminhar e eu fazer igual mesmo estando bem para correr como aconteceu no outro trail. Tenho medo de estar muito calor e eu ficar sem água, como acontece quando ando de bicicleta, o marido diz que tenho de aprender a racionar. Nesta altura eu tenho medo de tudo e mais alguma coisa porque vai ser mais uma novidade para mim e eu fico sempre muito nervosa com as novidades. 

Vai correr tudo bem no fim, eu sei, mas até lá vai-se formando um remoinho aqui no meu estômago e vai aumentar de intensidade até ao fim da prova. Suspiro. Nunca mais é domingo.

terça-feira, 23 de junho de 2015

Cheira bem...cheira a livro!

O filho mais velho lê. Mas é rapaz para brincar com os números e precisar de mais tempo com as letras.

O filho mais novo lê. Tal como a mãe, não percebe nada de números mas gosta das letras e por isso, ler já é um hábito.

Seguindo a rotina habitual, ontem foi dia de ir à biblioteca municipal, desta vez entregar "Beatriz e Virgílio" de Yann Martel. De volta, em vez do que estava previsto (para não me perder no meio dos livros, antes de ir à biblioteca, vou ao site e tiro a refª. do livro que quero), deparei-me com Patrick Modiano e sendo um Nobel da Literatura resolvi deixar a minha escolha para trás e trazer "Horizonte" deste autor.

Levei comigo o filho mais novo porque também já é hábito nas férias ir comigo à biblioteca e trazer um livro para ele. A primeira coisa que ele fez mal saímos a porta da biblioteca, qual é, qual é? Folhear o livro e cheira-lo! Tal mãe, tal filho. Cheira tão bem...cheira a livro!

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Da ausência

Uma ausência "forçada" pelo entusiasmo num novo projecto pessoal. Não é nada de especial mas tudo o que é novo prende-me a atenção e distrai-me das outras coisas.

De qualquer das formas o meu exercício tem andado parado. Estamos numa altura do ano em que as actividades dos filhos se sobrepõem a todo o resto e temos de estar sempre disponíveis para eles. 

A bicicleta anda parada, tenho uns calções novos para estrear e para vos mostrar, mas vai continuar parada mais uma semana pelo menos.

Quanto à corrida, fiz uma na terça-feira passada, de 12kms e notei dificuldades pela ausência de exercício. 
Amanhã faço mais uma corrida, a última antes do próximo trail que é já no próximo domingo. Vão ser 12kms e não estou minimamente preparada. É desta que meto conversa com o homem-vassoura! Venha ele!


terça-feira, 9 de junho de 2015

É por isso que eu nunca irei muito longe na vida

Ver uma pessoa a gabar-se de ter feito uma coisa que na verdade não foi ela que fez e toda a gente a aplaudir que está o máximo, a dar o parabéns, essa pessoa a ficar toda orgulhosa...eu não consigo ser assim.

Sempre esclarecedor

Vai a Sol andar de bicicleta com o marido e como não conhece o caminho pergunta (isto acontece constantemente):

Sol -é para a esquerda ou para a direita?
Marido - É sempre!


sexta-feira, 5 de junho de 2015

Estás marcada

Quando comecei, olhava para aquela subida como missão impossível. Ao ver o marido subir como se estivesse a pedalar numa recta, ria-me e pensava como era possível alguém fazer aquela subida em cima da bicicleta. Naquela altura ainda não visto nada!
Mais tarde comecei a tentar mas nem um terço conseguia fazer. Um dia sem exemplo, em que pedalei como se o fizesse todos os dias, consegui fazê-la e senti-me muito feliz. Foi a primeira vez. A partir daí deixou de ser missão impossível. Ontem também consegui mas com bastante custo. Soube mais tarde que não foi por não estar preparada, mas porque já estou mais preparada e já não é tão difícil por isso a técnica tem de ser outra. Fiquei irritada! Mas tão irritada, tão enraivecida que só me apetecia voltar para trás e fazê-la novamente. Está marcada, irritou-me e eu não gosto que me irritem. Da próxima vez quem se vai ficar a rir vou ser eu, porque quem ri por último, ri muito melhor.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Acima de tudo desfrutar

É certo e sabido que quanto mais corro mais quero correr.
É certo e sabido que gosto mais de correr no monte do que na estrada.
Na estrada é fácil, o piso é certo, as passadas são certas, no monte é inconstante, dá mais gozo.

Na estrada estamos sempre condicionados ao barulho e ao fumo dos carros, nem se respira em condições. De quando em vez são outros cheiros que se vão sentindo, ora de um churrasco, ora de uma sardinhada, ora de uma cebola queimada entretanto esquecida num refogado. Para não falar no cheiro do estrume quando passo nos campos e o cheiro vindo dos contentores de lixo. Quando vou à marginal há o cheiro da maresia. Esse sim, eu gosto. 

Correr no monte traz outros benefícios. Barulho, só o do canto dos pássaros, o das nossas passadas e o da minha respiração que afasta qualquer bicharada que por perto se encontre! Cheiros, são os melhores. O cheiro da natureza, o cheiro dos pinheiros, o cheiro dos eucaliptos que nos enche os pulmões de ar puro. E os trilhos. Há trilhos lindíssimos no monte, quanto mais selvagens mais bonitos são, embora alguns já estejam a precisar de alguma limpeza o que é sempre de lamentar quando não é feita. 

Ontem fiz 12 kms sempre no monte. Nos primeiro 5kms ainda não consigo controlar a respiração e por isso sejam subidas ou descidas é sempre difícil. Passada esta barreira, podem vir subidas, descidas, pedras, rochas, raízes, o que for, está tudo ok e ataco-lhes com garra. O pior vem ao fim de 11 kms, já com o coração na boca, ainda ter que subir o monte de forma íngreme. Mas vale sempre a pena quando chegamos lá no topo e temos como presente uma vista maravilhosa como esta:




Socorro!

É já no próximo domingo a Primeira Comunhão da minha afilhada e as nódoas negras ainda estão visíveis....o que é que eu faço?

terça-feira, 2 de junho de 2015

Mergulho

Desde que, em Dezembro, comecei a correr e a fazer BTT que percebi que o desporto diz muito de nós. A forma como encaramos as situações, os desafios, o cansaço, o sofrimento. No desporto como na vida, costumo dizer eu muitas vezes. Não há maior mergulho interior do que este. Estou a descobrir-me novamente, e por vezes parece que não me reconheço. Dizem que sou muito forte mas a verdade é que cada vez mais descubro que isso não se adequa a mim. Costumo sê-lo para os outros, quando precisam, eu incentivo, dou apoio, estou sempre lá. E parece que dou tanto de mim aos outros que me vou deixando sempre para segundo plano e quase nem me conheço.

Sou fraca, desisto facilmente, choro por tudo e por nada, não tenho confiança em mim, dependo da opinião dos outros para continuar, dou demasiada atenção ao comodismo. Nos momentos mais difíceis são os pensamentos negativos que me dominam e que me fazem entender que nunca mais vou a lado nenhum. Preciso de dar liberdade de expressão às minhas melhores e piores emoções. Depois disso sou livre, sinto-me a conquistar o mundo, até chegar a próxima fraqueza. Mas tal como na vida, tudo se conquista por etapas, ninguém chega ao topo sem cair primeiro, sem persistência e sem trabalho.
Quando vejo uma subida pergunto-me sempre se não há um caminho alternativo e em vez de me atirar com garra sinto-me a desmaiar com medo e não dou luta ao cansaço. É aqui que choro, choro porque sou fraca, porque não tenho atitude e estou à espera que tudo seja fácil. Choro porque é aqui que me olho e é aqui que não me reconheço.  

Foi aqui que descobri que na vida também sou assim. Resignada, deixo-me vencer e não agarro oportunidades nem desafios por parecerem demasiado difíceis e/ou irreais. O comodismo. Porque as vozes dos outros falam mais alto e dou-lhes sempre razão. Descobri que sem persistência não vamos a lado nenhum, que temos os nossos sonhos e a nossas ideias e não podemos deixar que isso fique apenas no papel ou na mente. Precisamos de desafios, de objectivos na nossa vida e precisamos de acreditar neles, lutar por eles, rastejar por eles se for necessário. Tudo é possível, apenas precisamos de acreditar, deixar de lado o comodismo e as vozes que entoam os nossos ouvidos, o medo, a fraqueza. Mostrar-nos, mostrar ao mundo do que somos capazes e não desistir nunca à primeira porta que se fecha, à primeira desilusão, à primeira queda. Para tudo é necessário luta, garra, para tudo faz falta trabalho.
Tudo é possível, basta acreditar e não ficar à espera que as coisas aconteçam ou que caiam do céu (porque ainda há quem acredite nisso).