terça-feira, 2 de junho de 2015

Mergulho

Desde que, em Dezembro, comecei a correr e a fazer BTT que percebi que o desporto diz muito de nós. A forma como encaramos as situações, os desafios, o cansaço, o sofrimento. No desporto como na vida, costumo dizer eu muitas vezes. Não há maior mergulho interior do que este. Estou a descobrir-me novamente, e por vezes parece que não me reconheço. Dizem que sou muito forte mas a verdade é que cada vez mais descubro que isso não se adequa a mim. Costumo sê-lo para os outros, quando precisam, eu incentivo, dou apoio, estou sempre lá. E parece que dou tanto de mim aos outros que me vou deixando sempre para segundo plano e quase nem me conheço.

Sou fraca, desisto facilmente, choro por tudo e por nada, não tenho confiança em mim, dependo da opinião dos outros para continuar, dou demasiada atenção ao comodismo. Nos momentos mais difíceis são os pensamentos negativos que me dominam e que me fazem entender que nunca mais vou a lado nenhum. Preciso de dar liberdade de expressão às minhas melhores e piores emoções. Depois disso sou livre, sinto-me a conquistar o mundo, até chegar a próxima fraqueza. Mas tal como na vida, tudo se conquista por etapas, ninguém chega ao topo sem cair primeiro, sem persistência e sem trabalho.
Quando vejo uma subida pergunto-me sempre se não há um caminho alternativo e em vez de me atirar com garra sinto-me a desmaiar com medo e não dou luta ao cansaço. É aqui que choro, choro porque sou fraca, porque não tenho atitude e estou à espera que tudo seja fácil. Choro porque é aqui que me olho e é aqui que não me reconheço.  

Foi aqui que descobri que na vida também sou assim. Resignada, deixo-me vencer e não agarro oportunidades nem desafios por parecerem demasiado difíceis e/ou irreais. O comodismo. Porque as vozes dos outros falam mais alto e dou-lhes sempre razão. Descobri que sem persistência não vamos a lado nenhum, que temos os nossos sonhos e a nossas ideias e não podemos deixar que isso fique apenas no papel ou na mente. Precisamos de desafios, de objectivos na nossa vida e precisamos de acreditar neles, lutar por eles, rastejar por eles se for necessário. Tudo é possível, apenas precisamos de acreditar, deixar de lado o comodismo e as vozes que entoam os nossos ouvidos, o medo, a fraqueza. Mostrar-nos, mostrar ao mundo do que somos capazes e não desistir nunca à primeira porta que se fecha, à primeira desilusão, à primeira queda. Para tudo é necessário luta, garra, para tudo faz falta trabalho.
Tudo é possível, basta acreditar e não ficar à espera que as coisas aconteçam ou que caiam do céu (porque ainda há quem acredite nisso).

7 comentários:

  1. Também comparo muito a parte desportiva com a vida, principalmente as provas ou os percursos de BTT que são mais duros...
    Tal como tu, também me resigno algumas vezes mas também acredito que é possível sonhar e ir à luta. E mais importante: nunca desistir...
    Beijinhos.

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  2. Sol... essa é a grande pedagogia do esporte....
    As regras, respeitar os próprios limites, reconhecer uqe precisamos aprender, lutar e esforçar cada dia mais.....
    Belo texto, que serve de assunto para uma boa palestra....

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  3. Nunca me tinha lembrado de ver as coisas dessa forma, mas é verdade. A forma como encaramos um obstáculo, como o ultrapassamos e como continuamos até alcançar o nosso objectivo principal diz muito sobre nós.

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  4. "Tudo é possível, basta acreditar e não ficar à espera que as coisas aconteçam ou que caiam do céu (porque ainda há quem acredite nisso)." Uma brilhante conclusão...

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  5. Pede uma dicas à Maria, que a gaja percebe de bikes, corridas e afins...

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  6. Sim, o que somos no nosso interior transmite-se para a nossa vida, mas a vida também é uma constante aprendizagem, uma constante luta para aprender, melhorar, lutar e conseguir. É esse o lema, só assim se conseguem muitas coisas. Bjs Sol

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  7. Eu comparo sempre a vida com o desporto, tal como tu, mas uma coisa te garanto, há pessoas na vida que nunca saem da sua zona de conforto e nem sequer pensam em tentar.

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