terça-feira, 26 de maio de 2015

Sol, a dar espectáculo ao domingo de manhã

Não sei precisar quantas vezes foram. Talvez cinco. A determinada altura eram as lágrimas que rolavam, não pelas dores mas pela frustração, pelo desânimo, pela tristeza.

Falamos das minhas quedas na bicicleta no domingo passado. Resolveram fazer-me mais 40kms em trilhos bastante técnicos. Muita pedra solta, muito terreno acidentado, muitas raízes, muita areia. Diz o marido que da outra vez só caí uma vez, que não percebe o que se passou desta vez. Talvez eu desta vez tivesse um excesso de confiança e permiti-me fazer aquilo que da outra vez não permiti por medo. 

Da primeira vez ninguém se apercebeu que caí. Ia numa descida cheia de pedras, raízes e alguma lenha e bati em qualquer coisa e caí. Pior foi conseguir levantar-me porque tinha a bicicleta em cima da perna e o pé encaixado, cada vez que tentava levantar a bicicleta ela deslizava e eu ia com ela. Apareceram uns miúdos que tentavam subir mas desistiam logo à primeira pedra e o grupo ficou a olhar para eles. Pedi que me viessem ajudar mas a resposta obtida foi: "que se passa contigo? Que estás aí a fazer?"! Nada, ora, apeteceu-me descansar em cima do mato, coisa fofa... Os miúdos também não perceberam, eu lá desencaixei a sapatilha e desci. Mais à frente foi a vez de um grupo de caminhantes assistir aos espectáculo da queda em cima de uma raiz de uma árvore que fazia uma espécie de degrau. Consegui levantar-me bem, recusei ajuda e prossegui. Na vez seguinte estávamos parados eu ia começar a andar encaixei uma sapatilha mas não consegui pôr-me em cima da bicicleta e voltei a cair. Esfarrapei-me toda, foi no paralelo. 
Entretanto os dois irmãos do grupo foram embora tinham uma festinha em casa e não queriam chegar tarde. Não sei explicar porquê mas isso fez-me ficar triste, percebi que estávamos a andar bem devagar por minha causa. Continuei com o marido e entramos na rota das praia. As quedas sucederam-se porque os caminhos estavam cheios de areia devido à ventania que se fez sentir a semana passada e como não estou habituada mal a roda encontrava areia ficava enterrada e eu caía. 
Logo que conseguimos, entramos na estrada para casa porque era impossível continuar. Ia desanimada. Pensei em desistir, pensei em trocar para as sapatilhas normais, pensei em desistir...desistir...desistir...

Depois de tomar banho é que me apercebi bem dos estragos: estou toda pisada, nas pernas, nos joelhos, nos braços, até no rabo! Não gostei de me ver assim, isso condicionou o meu domingo porque fiquei aborrecida. Decidi não ir no próximo domingo porque não posso correr o risco de ficar mais pisada pois no domingo seguinte tenho a Comunhão da minha afilhada e vou de vestido. No domingo seguinte também não vou, é dia de festa cá na terra. Mais uma temporada sem pedalar....o marido perguntou-me se queria mesmo desistir. Ia responder que sim mas pensei: aqui está a minha atitude perante a vida, desistir à primeira dificuldade. É isto que eu faço sempre, é isto que quero continuar a fazer? Desistir é a solução? É isto que eu tanto admiro nos outros? Não, eu não vou desistir.
Mas também não posso ir nas próximas 3 semanas. Então, ele lá encontrou a solução que eu tenho pedido desde que decidi comprar as sapatilhas (mas ele não me ouve): visto que aos sábados também não vou poder, vamos fazer durante a semana o percurso onde me iniciei até ter mais segurança na bicicleta e nas sapatilhas. É irritante, os homens não ouvem nada que uma mulher lhes diz, acham que sabem sempre tudo. Se tivesse feito logo isto quando lhe pedi talvez agora não andasse agora cheia de dores e de nódoas negras.

6 comentários:

  1. Não gosto nada dessas sapatilhas. Eu também teria caído de certeza!! Até caio com as normais...

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  2. Os homens são mesmo assim teimosos e parece que não entendem as coisas...vais ver que agora com o tempo perdes o medo! Força!

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  3. Ui, sei bem como são essas quedas... :O
    Mas nada de desistir, continua sempre, com calma nos sítios mais técnicos.
    Os sapatos são mesmo uma questão de habituação, depois vais ver que até te sentes mais segura com eles.
    As melhoras e força...
    Beijinhos.

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  4. Não desistas, por favor. Toda a gente passa por isso, ou pelo menos os corajosos que tentam.

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  5. Desistir é que não, isso é mesmo assim até se ganhar confiança., Eu já caí tantas vezes e ainda há 15 dias caí de rabo e costas num monte se silvas, fiquei toda picada mas levantei-me e segui viagem, sempre a tirar picos do rabo :)) Só não cai quem não anda. As melhoras :)

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