segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Há coisas para as quais nunca estamos preparados

Apesar de viveres preso há mais de 20 anos a uma doença, a qual sempre soubemos que nunca morrerias dela, o corpo foi perdendo resistência, foi ficando muito debilitado. Fui-me mentalizando que qualquer dia poderia acontecer, um corpo tão frágil não conseguiria lutar caso uma doença mais ou menos grave aparecesse. Nunca pensei que pudesse ser assim. Pensei que ficarias doente e que teria pelo menos alguns dias para percebermos que ias partir. Assim não.Ver-te bem hoje, ver-te até sorridente, poder conversar contigo e de repente, sem que nada o faça prever já cá não estás.
Apesar de andar algum tempo a tentar preparar-me, na verdade nunca estamos preparados.
Já passaram oito dias e a tua presença faz-se sentir a cada canto daquela casa. Cada vez que lá entro, o meu coração procura-te, ali perto da lareira onde te encontrava sempre.
Sabemos que neste momento estás em paz, acabou-se o teu sofrimento, mas a saudade, essa é muito dolorosa. A saudade do teu sorriso, a saudade da tua presença. Aquela casa girava à tua volta: "vai ver se o Zé está bem", "Zé precisas de alguma coisa?", "Vai buscar o Zé", "pergunta ao Zé se quer comer", "o Zé está a chamar", "leva-me para aqui", "leva-me para ali". Os teus netos adoravam-te, brincavam contigo,  mesmo que tu não quisesses ninguém a chatear-te, eles não compreendiam que também sofrias por dentro. De repente ficou o silêncio, um silêncio que nos está a desgastar por dentro. Nem as crianças conseguem dar alegria àquela casa porque a alegria delas foi substituída pela ausência do Zé.
Espero que o tempo passe e cure a dor da tua ausência, mas para sempre fica o amor que todos sentíamos por ti.
Até já Pai... 

2 comentários:

  1. Lamento muito... perdi o meu pai vai fazer 2 anos, a dor ameniza mas é difícil de passar. Um grande beijinho...

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